top of page

Fotoperiodismo e cultivo de ganja

Para muitos este pode parecer um assunto muito básico e introdutório. Porém, a realidade é que todas as pessoas que se interessarão algum dia pelo cultivo de ganja precisarão entender seu ciclo natural de crescimento e floração. Fotoperiodismo é um tema essencial para compreender esses ciclos e o ritmo de vida da planta e, por isso, é o tema central de qualquer introdução ao cultivo. Como eu acredito e torço para que cada vez mais pessoas se interessem pelo cultivo desta planta sagrada e tão importante para a humanidade, acredito também que devemos trabalhar o tema do fotoperiodismo de uma maneira que possa ser bem compreendido por todos.

Mas o que é fotoperiodismo?

É a diferença entre a duração do tempo que passamos expostos diretamente a energia do sol (chamado período diurno), da duração do tempo que não estamos expostos a essa energia e ficamos na escuridão (período norturno), ao longo de um intervalo de 24hs, que é a duração do movimento que o planeta terra faz em torno de si mesmo, chamado movimento de rotação. Portanto, o movimento de rotação equivale a 24hs (1 dia) na nossa vida e na vida de todos no planeta. E o fotoperiodismo é a diferença entre quanto desse dia é passado com iluminação e quanto é passado no escuro.

Na natureza, a duração dos dias e das noites variam bastante, de acordo com a época do ano e com a localização geográfica onde estamos. Somente a região do planeta que fica exatamente na linha do Equador tem dia e noite com a mesma duração o ano inteiro, todos os dias. No resto do planeta essa oscilação é enorme. Quanto mais ao extremo norte ou sul do planeta maior essa variação. No cultivo indoor isso é diferente. Há uma regularidade nos fotoperíodos, independentemente da época do ano ou da região geográfica. Todos os dias a planta receberá precisamente a mesma quantidade de horas de exposição a luz e de escuridão, que serão definidas pelo cultivador e programadas no temporizador.

Fotoperíodo no cultivo com lâmpadas (indoor)

No cultivo indoor, usando lâmpadas, é muito fácil forçar a floração da planta. Basta programar o temporizador para deixar a lâmpada ligada 12hs por dia e garantir que as outras 12hs sejam de escuridão total. Quando a ganja é submetida diariamente a períodos de escuridão ininterruptos por ao menos 12hs por dia ela inicia a floração. Por outro lado, se ela recebe 14hs ou mais de luz por dia ela tenderá a crescer sem sinal de floração. Quanto mais horas expostas a energia luminosa por dia, mais rápido será o ritmo de crescimento. Por isso, é possível crescer a planta de cannabis por muitos meses até decidir coloca-la em floração. Ou, por outro lado, força-la a florir ainda pequena, com 1 mês apenas de crescimento, ou somente 2 semanas, se for um clone.

Em cultivos com lâmpadas, indoor,  geralmente as plantas crescem em regime de 18hs de luz por dia e 6hs de escuridão. Assim conseguem crescer num ritmo até mais do que 50% a velocidade que cresceriam em cultivos ao sol. Ao serem colocadas para florir, recebem diariamente períodos exatos de 12hs de iluminação e 12hs de escuridão total.  Como uma regra geral a ganja irá florir quando submetida a regimes de 12hs de luz e 12hs de escuridão total por dia. E quando recebe mais que 13hs de luz por dia se manterá crescendo sem florir. Sendo que, no cultivo indoor, para crescimento vegetativo em geral se aplica 18hs de luz por dia para que a planta cresça mais rápido, simulando o verão em uma região extrema do globo, onde a planta pode crescer até 50% mais rápido do que no regime 12/12. Por outro lado, é possível submeter a planta a regime de 12/12 desde o início do seu crescimento, para diminuir sua altura e força-la a florir o mais rápido possível.

Fotoperíodo na Natureza

Na natureza o fotoperíodo é ditado pelo movimento da terra ao redor do sol, que para completar seu ciclo leva aproximadamente 1 ano, 365 dias. Esse movimento chamamos de translação. Por causa do ângulo de inclinação natural da terra, a cada dia, mudam alguns segundos o tempo de exposição à luz do sol a que as regiões da terra são submetidas durante o movimento de translação. Então, na natureza, o fotoperiodismo se dá num constante movimento no qual a cada dia há uma alteração mínima, de segundos, na diferença entre o período de exposição ao sol e o período de noite. E essa oscilação gradual não é regular também, ou seja, de um dia pro outro, a diferença não aumenta ou diminui de maneira uniforme. Por exemplo. Hoje o dia pode ter 12 horas de duração. Amanha 12 horas e 40 segundos. Depois de amanhã a diferença não será apenas de 40 segundos, será maior. Em cada região do planeta essa variação se dá numa velocidade própria e em algumas regiões, na linha do Equador, não há variação.

Para nós humanos é difícil perceber essa mudança diária, então nós juntamos vários dias em ciclos que chamamos de estações do ano.  

São 4 as estações do ano, divididas em  dois tipos: Solstícios e Equinócios.

Os solstícios são o Verão e Inverno, onde temos os períodos mais extremos do ano, com os dias mais longos e noites mais curtas no verão e dias mais curtos e noites mais longas, no inverno.  Como já dissemos, quanto mais próximo da linha do Equador menor essa variação. E quanto mais ao sul ou norte do planeta, maior será essa diferença entre a duração dos dias e das noites, de acordo com a época do ano.

OS Equinócios, Primavera e Outono, são épocas de transição entre o período de dias longos (verão) e o período de dias curtos (inverno).

No Brasil, o ciclo natural é assim: Nós começamos o ano em pleno verão, época de dias longos e noites curtas. Lentamente a diferença entre a duração dos dias e das noites vão diminuindo, até ficarem de igual tamanho, por volta de 20 de março, data que marca o início do Outono. A partir daí os dias vão se tornando mais curtos e as noites mais longas, até a data de 21 de junho, que marca o dia mais curto do ano e, portanto, também a noite mais longa. Esse é também o dia que marca o início do Inverno.

Em seguida, dia após dia, a diferença entre a duração do dia e da noite vai diminuindo novamente, até chegar ao ponto que dia e noite se tornam de igual tamanho, marcando o início da primavera, por volta de 21 de setembro. Então, os dias vão se tornando lentamente mais longos e as noites mais curtas, até chegar o dia mais longo do ano, que também é a noite mais curta, dia 21 de dezembro, que marca o início do Verão. Então o ciclo anual se finaliza e recomeça.

Como eu tinha dito, quanto mais ao sul extremo ou ao norte extremo do planeta maior a diferença entre a duração dos dias e das noites durante os Solstícios de Verão e Inverno é maior. O Brasil tem a maior parte do território próximo a linha do Equador, então, por exemplo, a diferença entre dia e noite numa cidade como Macapá, no Norte do Brasil, a diferença entre dia e noite é de 7 minutos em todos os dias do ano, não importa a estação. Já em Porto Alegre, capital mais ao Sul do país, a diferença entre dia e noite no verão e no inverno pode ser de até 4 horas, com dias de até 14hs durante o verão e noites de 14hs durante o inverno.

Então, agora que entendemos como é o ritmo de exposição solar que as diferentes regiões do planeta estão submetidas, sabemos que se formos cultivar ao sol (outdoor), em cidades muito ao sudeste ou sul do país, por exemplo, só da para florir as plantas no inverno, sendo restrito a 1 colheira por ano, no máximo 2, dependendo da genética cultivada. Já no Norte e Nordeste do país, também no centro-oeste, somos capazes de obter até 3 ou 4 colheitas por ano, sendo possível florir plantas o ano inteiro. Já em cultivos indoor, onde o controle sobre o fotoperíodo é total, é possível obter de 4 a 6 colheitas por ano, dependendo da genética e das técnicas de manejo utilizadas.

E as “automáticas”?

As plantas chamadas de “automáticas” são linhagens que têm em sua genética mistura com plantas ruderalis. A cannabis ruderalis é uma variedade que foi descrita pela primeira vez em 1924 pelo botânico russo Janischewsky. É uma planta com baixa produção de THC e flores que possivelmente se desgarrou de plantações de cânhamo no norte e nordeste da Russia e se adaptou ao clima adquirindo capacidade de florir mesmo em ambientes com dias muito longos de 18hs de duração. Alguns especialistas afirmam que o fenômeno pode ocorrer com qualquer população de cannabis selecionada para isso nessas condições, mas é preciso amostras muito grandes e por isso só ocorre em plantações de cânhamo que se desgarram dos campos e se tornam selvagens. Criadores de cannabis começaram a fazer cruzamento entre essas linhagens e linhagens de plantas mais potentes em THC. A primeira desse tipo começou a ser comercializada em 2003 e hoje em dia quase todos os bancos de sementes têm suas próprias versões de plantas “automáticas”. Ponto positivo é que as plantas automáticas vão florir o ano todo mesmo no verão em regiões extremas do planeta.  Por outro lado, em cultivos indoor, essas plantas precisão de ao menos 17hs de luz por dia para produzir o mesmo que suas versões não-automáticas, o que gera um gasto maior no consumo de energia.

199909568_9e5c17631e_b.jpg
South_season.jpg
earth-23592_960_720.png
Gilberto Castro Paciente de cannabis medicinal portador de Esclerose Múltipla
IMG_4576.jpg
IMG_4566.jpg
Lembranças boas de uma viagem que fiz em
Bom dia meninas da _abraceesperanca.jpg
Verão.png
Outono.png
Inverno.png
primavera.png
Verão.png
sun-1506019_960_720.jpg
bottom of page