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Usos Terapêuticos da Maconha

Atualizado: 10 de nov. de 2018


Diferentes produtos feitos com extrato de cannabis. Foto: Acervo Sergio Vidal. Oficina de extração e manufatura. SC, 2017.
Diferentes produtos feitos com extrato de cannabis. Foto: Acervo Sergio Vidal. Oficina de extração e manufatura. SC, 2017.

Atualmente, segundo a Lei 11.343 em vigor desde 2006, a União pode autorizar o cultivo, comércio, distribuição, uso, etc, da planta e seus derivados, exclusivamente para fins medicinais e de pesquisa científica. Há uma discussão de se deveria ser criado um órgão novo só para exercer a função regulatória, mas atualmente é consenso que essa atribuição seria da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária.


 

No entanto, até hoje essa lei não foi totalmente regulamentada, o que significa que ainda estamos longe do cenário ideal sobre o tema. Mas a cada dia estamos avançando, ainda que tendo que recorrer a mobilização social e à justiça. Após uma longa batalha, a partir de 2015 a ANVISA iniciou a regulamentação, que parou apenas na questão da importação. Hoje já são milhares de pessoas com Autorização da ANVISA para importar o medicamento, mas grande parte deles não tem dinheiro para custear os altos preços dos medicamentos importados. Então alguns pacientes e associações entraram com ações na justiça e conseguiram obter proteção judicial para plantarem cannabis, extraírem a gordura da planta e manufaturar produtos terapêuticos. Atualmente são 26 pacientes e 2 associações com proteção da justiça cultivando para fins medicinais, e esse número só tende a crescer, já que é bem grande a quantidade de pessoas que podem se beneficiar dessas propriedades terapêuticas.


Não recomendamos a nenhuma pessoa cultivar ou fazer uso por conta própria, sem recomendação e prescrição de médico, muito menos sem autorização da ANVISA ou proteção judicial. Todas as informações contidas neste site servem apenas para informar a respeito do potencial terapêutico da planta e orientar na busca de informações adicionais. O uso de maconha e derivados ou de qualquer outro medicamento deve ser realizado apenas sob supervisão, prescrição e orientação de um(a) médico(a).


O que é a Maconha Medicinal e como agem seus princípios ativos?

Maconha é um dos nomes mais populares dado às flores fêmeas da cannabis, planta usada pelos seres humanos há mais de 15.000 anos. Somente as fêmeas têm em suas flores uma alta proporção de resina, uma gordura vegetal que lhe é característica. Essa gordura possui grande concentração de diferentes compostos exclusivamente produzidos por essa erva. São mais de 100 tipos de fitocannabinóides com poderes terapêuticos únicos, além dos terpenos e outros tipos de compostos que atuam em interação para formar o chamado “efeito comitiva” ou "entourage effect" e servirem como instrumento de terapia para os pacientes. O corpo humano possui um sistema único composto por receptores endocannabinóides, espalhados em diferentes partes do organismo, que reagem aos cannabinóides endógenos, aqueles produzidos dentro do próprio organismo.




Diferentes estudos têm revelado a sua influência desses endocannabinóides em diferentes sistemas importantes para o funcionamento do organismo. O fato é que a ciência atual tem descoberto que muitas doenças podem ser tratadas com diferentes combinações dos compostos produzidos pela planta, chamados fitocannabinoides. Porém, cada doença ou sintoma exige uma combinação desses compostos única. Do mesmo modo, cada paciente reage a esses medicamentos de uma maneira singular, como ocorre com qualquer tipo de medicamento.


Cada planta possui uma carga genética única e também um perfil singular a respeito da composição tanto em termos de proporções como quantidade de cada um dos fitocannabinóides, terpenos e outros compostos naturais. Assim é possível selecionar plantas com perfil específico de fitocannabinóides ou combinar diferentes tipos de plantas para encontrar o equilíbrio adequado. É preciso estudar a fundo cada variedade genética e principalmente consultar os criadores de cada tipo de planta que se pretende cultivar. Abaixo alguns exemplos de plantas com diferentes concentrações de princípios ativos.


1. Candida (Medical Marijuana Genetics) - ACDC x Harlequin

THC: 0.3%-0.9%

CBD: 10.6%-20.6%

Indicações: Anorexia, Ansiedade, Autismo, Depressão, Epilepsia, Inflamações, Stress, Transtorno de Deficit de Atenção e Hiper Atividade.


2. Txaki (Medical Marijuana Genetics) - Tijuana x Candida

THC: 4.5%-11%

CBD: 8.9%-17.5%

Indicações: Anorexia, Câncer, Depressão, Transtorno de Deficit de Atenção e Hiper Atividade.


3. Therapy (CBD Crew) - Genética desconhecida selecionada

THC: 0.5%

CBD: 8%-10%

Indicações: Anorexia, Ansiedade, Autismo, Depressão, Epilepsia, Inflamações, Stress, Transtorno de Deficit de Atenção e Hiper Atividade.


4. Cream Cheese CBD (Seedsman) - Seedsman CBD x UK Cheese

THC: 22%

CBD: 18%

Indicações: Anorexia, Câncer, Depressão, Transtorno de Deficit de Atenção e Hiper Atividade.


Quais doenças podem ser tratadas?

Apesar de milhares de usos, somente nas últimas décadas a ciência passou a se debruçar sobre as propriedades terapêuticas com mais afinco e a cada dia é descoberta uma nova aplicação curativa para os extratos da erva e medicamentos derivados. Algumas das doenças que a cannabis pode utilizada como auxiliar ao tratamento são: Alzheimer, Artrite, AIDS, Anorexia, Ansiedade, Asma e outras desordens respiratórias, Autismo, Câncer de diferentes tipos, Depressão, Doença de Crohn, Dores Crônicas, refratárias ou agudas, Epilepsias de diferentes tipos, Esclerose Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica, Fibromialgia, Glaucoma, Hepatite C, síndrome de Tourette. Mas isso não significa que outras doenças ou quadros sintomáticos que não foram citados aqui não possam ser tratados com derivados da erva. Como disse, a cada dia saem novas descobertas de estudos e é sempre bom procurar se informar e consultar ajuda profissional. A palavra final sempre é do médico, autoridade designada no Sistema de Saúde brasileiro para prescrever derivados de cannabis. Veja lista de médicos no site da APEPI.


Métodos de administração dos princípios ativos

Muitas pessoas acreditam que fumar maconha seja a maneira de fazer uso medicinal, mas de fato isso não está correto. Poucos pacientes necessitam fazer uso de doses inaladas e, mesmo esses, devem fazer uso da erva em vapor ou spray, para minimizar os riscos deste tipo de via de administração.


Abaixo uma versão adaptada e atualizada da tabela encontrada no livro "Hemp: Uso Medicinal e Nutricional da Maconha", do autor Chris Conrad, esgotado no Brasil. A tabela faz uma comparação das vantagens e desvantagens dos diferentes sistemas de distribuição dos princípios ativos da planta.